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Cada vez mais percebo como nós, seres humanos, nos encaixamos no perfil do personagem mitológico Narciso. Ao princípio encontrava sua figura apenas naqueles que são extremadamente narcisistas e não passam um minuto sem pensar-se como modelo correto de pessoa para o mundo. Entretanto comecei a perceber fagulhas deste narcisismo nas palavras que dizemos no nosso dia a dia, no comportamento que temos em relação aos outros, quando emitimos um parecer sobre algo ou falamos de nossas verdades.

Vamos dar um exemplo disto: quando vejo na rua uma pessoa com tal o qual roupa que eu jamais usaria, logo surge em minha mente a observação: – Que ridícula! – análise que fiz a partir daquilo que me parece que estaria correto e que me deixaria bem aos olhos dos outros (narcisistas também). No mito Narciso repudia tudo que não é imagem de si mesmo. Então neste momento estou sendo narcisista, meu parâmetro fui eu mesma, o que forma modelo de comportamento correto.

E quem pode afirmar que esta imagem e/ou este comportamento é padrão para o mundo?

Realidade cruel de nossas convivências, pois as conversas que se desenvolvem em reuniões na maioria das vezes vertem este comportamento de analisar e criticar o que vemos, marcando um padrão socialmente correto para este grupo. Disto resulta o famoso “bullying” com o qual modernamente nomeia-se discriminação, preconceito e prepotência social.

Pensando no ser humano que somos, vou buscar o sentido de humano na nossa história, encontro que o primeiro indício que nos diferenciou dos primatas foi o da bipedestação e ao que parece o segundo é o nosso ego, maior que nosso campo de visão, pois nos remete sempre a nós mesmos.

IsiCaruso

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